Mônica Banderas



Mônica Banderas - Carioca, escritora, digitadora, revisora, artista plástica, escultora, capista (duas de suas capas são: "Escancara!" e "Literatura Século XXI", vol. 1), organizadora de antologias para a Editora Blocos, participando também de diversas publicações da mesma Editora: pela Coleção Made In Casa publicou: "Papiloscopia - Digitais de borboleta" e, posteriormente, "It". Para o portal Blocos Online produziu o e-book do poeta Antônio Soria: Uma carta para Deus/Una carta para Dios. É também produtora de eventos. Participa da Antologia Digital nº 7 da Blocos.


Fonte: Blocos On Line





Setembro em Agosto 
Mônica Banderas




Amo a primavera mas nasci no inverno.
Regida pelo sol, desmancho-me na neve
Cara pálida, bumbum dourado
Bem humorada, fria e distante
Ninguém me entende,
Sou fulminante. 
Sou cheia de não me toques
Não chegues perto
Por vezes, detesto gente
Por vezes, detesto mais
Só. Eu e os animais.   







Segunda parte
Mônica Banderas




Amores,
Já nem sonho em tê-los,
São grãos jogados na terra
Para pequenos pássaros comerem.
Esse sentimento,
O amor,
É como trem descarrilado
Numa ribanceira
– um vazio se instala.
No fim, não sobra nada inteiro.







Anarquismo
Mônica Banderas




Do meu quintal
Vejo o pomar do vizinho
E sua cerca
Me comove.
Acerca de quê tudo isso?
 






Miscigenação
Mônica Banderas




O óleo seria um grande amante da água
Não fosse seu mau-humor.
Ele não se mistura
E quando se cogita algo parecido,
Se quebra em vários pedacinhos
Para que não saibam que parte é seu coração;
Mas ainda bem que o óleo é egoísta
Pois, se não o fosse,
Não poderia eu
Estar filosofando
Em cima dessa relação
Mal resolvida.







Em tempo de ser
Mônica Banderas




Somos todos iguais
aos iguais na natureza.
Vide o bolor:
nasce pó e morre pó.
Com sua cor esmaecida,
vive no pão esquecido,
mora no arroz cozido que azedou
e quando posto embaixo d’água,
tenta sobreviver
juntando-se bem forte com suas
partes.
Transforma-se numa massa em forma de tecido
que, se pudesse existir
tecelão para tal trabalho,
faria o vestido do fim da primavera...







Extravagância
Mônica Banderas




Morria de medo
dos seus gritos falocráticos
— discursos falhos —
para me fazer calar.

Até que um dia,
Ousei loucura, rasguei a roupa
E te exorcizei
— zombando do teu pulso forte.

Ó pátira amada,
Como foi hilário
Ver teus olhos esbugalhados
Olhando-me, helênica
A proclamar minha independência...







Desaflito
Mônica Banderas




A solidão é um transplante
De um peito de carne
Para um peito de aço.
É a sétima arte equivocada
Com a película da face
(endurecida).
A solidão é portadora de equívocos
É um corte ao norte do meu sonho.
E à leste dos meus planos e perspectivas.








                                
                                              

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